sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Com um pouco mais de detalhe...

Carla de Sousa - DÃO TV

Apresentadas denúncias na GNR. Ministério Público está a acompanhar o caso

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Alguns pais de alunos do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo apresentaram nos últimos dias denúncia no Posto da GNR local contra um adolescente de 12 anos que, segundo dizem, ameaça os colegas na escola com uma navalha e outros utensílios como paus.

Ao que conseguimos apurar o adolescente, que frequenta o 5º ano de escolaridade, regressou recentemente ao Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo depois de ter sido institucionalizado. Aí, de acordo com informações recolhidas, «tem vindo a criar problemas».

«Apresentei queixa na GNR há cerca de uma semana. E houve mais pais a fazer o mesmo», disse José Manuel à DãoTV. O homem, bombeiro de profissão, é pai de uma criança que terá sido ameaçada com uma navalha pelo adolescente e desmaiado com medo.

«Fui à escola para saber o que se tinha passado e sei que ele puxou uma navalha à miúda, andou a puxar-lhe os braços», referiu indignado o progenitor. E acrescenta, «sei também que ele na semana passada tratou mal um professor».

Segundo o homem, «houve um tio que se responsabilizou pelo miúdo mas o pai foi lá busca-lo a casa e a partir daí ele ficou à responsabilidade dos pais». «O pai compra-lhe tabaco», acusa o bombeiro dizendo ainda que o adolescente «levou uma pressão de ar para a escola».

Para além destes incidentes na escola, o pai da criança ameaçada diz ainda ter conhecimento de «roubos nos balneários de Sezures», povoação onde o adolescente reside com os pais.

«Eu trabalho numa equipa de Sezures e ele mora lá, vai-nos ao balneário e rouba quanto dinheiro lá há», acusa o bombeiro.

«Na escola nunca ninguém viu a navalha»

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Ao que conseguimos apurar, elementos da Escola Segura tem por diversas vezes sido chamados ao estabelecimento de ensino devido ao comportamento deste adolescente. Um comportamento que, de acordo com a Directora do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo – Rosa Figueiredo - «vem de há muitos anos».

«Temos contactado por várias vezes a Escola Segura», disse à DãoTV a Diretora, esclarecendo no entanto que «na escola nunca ninguém viu a navalha».

«A questão das navalhas nunca ninguém as viu, e nós revistamos o aluno todos os dias», refere lembrando que todos os professores e funcionários têm também «colaborado com toda esta situação».

«Estão todos sensibilizados para esta situação, mas a escola tem que ser inclusiva», defende

«Temos tentado tudo o que está ao nosso alcance para o integrar»

«Ele sempre foi um miúdo com este perfil: um miúdo que não cumpre regras», diz a professora salientando que «há psicólogos que estão a acompanhar» o caso.

«Tentámos fazer um projecto de integração e inclusão do aluno. Temos uma equipa de professores que com os psicólogos o estão a enquadrar noutras iniciativas, algumas delas de modo que o aluno não fique muito tempo inserido no contexto sala de aula porque é um miúdo com dificuldades de concentração. Temos tentado tudo o que está ao nosso alcance. Dentro das nossas possibilidades temos tentado integrá-lo», disse à DãoTV Rosa Figueiredo.

Falta de «retaguarda familiar»

Na opinião da professora, a falta de uma «retaguarda familiar» dificulta o trabalho desenvolvido na escola.

«Neste contexto é difícil. Dificilmente a escola não tendo uma retaguarda familiar poderá substituir a família», diz a directora reconhecendo que «ele é um aluno difícil» e defendendo que «a escola tem que ser inclusiva».

« A escola tem que ser inclusiva. Defendo também que a escola deve reflectir o que é a sociedade», diz a Directora referindo que «há alunos que reflectem as dificuldades das famílias».

«Os alunos são reais e vêm de famílias concretas e reais», disse entristecida a professora. E acrescenta «a escola tem a missão importante de ensinar a ler, a escrever, a contar tem também a missão de socializar e educar mas é necessária uma retaguarda familiar».

Ao que conseguimos apurar o processo deste aluno deixou a alçada da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) desde a sua institucionalização, encontrando-se na alçada do Ministério Público.

A Dirctora do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo diz que, para este caso, se espera «uma resposta eficaz» do Ministério Público.

«Este é um assunto que nos preocupa», diz Rosa Figueiredo lembrando que «desde o primeiro momento em que soubermos que ele vinha para aqui activamos de imediato os serviços de psicologia, criámos actividades e preparamo-nos para o receber».

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